quinta-feira, 15 de setembro de 2016

[Faz Melhor então!]: De Deathstroke a Spider-Gwen.

Deathstroke surgiu com a premissa ser o "tipo-ninja com espadas e trabucos". Deu certo ao ponto de Liefeld - que trabalhou com ele, mostrando seu amor ao personagem - quis criar sua versão na concorrente onde trabalhava, a Marvel:

Deadpool. Ninja tipo com espada e trabuco.

Com o tempo, foram pegando a mão. De um mero "fator de cura", os desmembramentos de Wade - clone-do-Slade - se  tornaram parte de seu conjunto. Assim, ele era mais um shame-free que meramente alguém que quebra a quarta parede.

A flexibilidade de uma HQ mais para o humor aproveitando um personagem que sofre abusos e responde à violência com igual (ou maior) violência  levou a DC a procurar em seu elenco algo que se equipare ao Deadpool (afinal, o original era o cara sério e durão).

Eis que uma novata da TV ganha esse status:

De palhacinha apelativa apoiando o Coringa, A Arlequina foi ganhando seu próprio público...

Mas lembrando que ela tinha "algo a mais" que o Deadpool não tinha.

uma vantagem natural.

Na verdade... duas:

A Marvel sentiu isso.
Por isso, procurou fazer sua própria versão da Arlequina, que - conforme demonstrei aqui - era um "Deadpool com peitos".

Seu erro foi ter sido MUITO LITERAL na fórmula, criando
LADY DEADPOOL!

Curiosamente, não deu certo.

A meu ver, eles perceberam que o forte da Arlequina era o fato dela ter vindo desse ambiente em que ela era uma piada depreciativa com o público feminino e alçou asas. Se por conscientização de gerações quadrinísticas seguintes a sua concepção e pelas batalhas das mulheres por seu justo espaço, seja por um feliz acidente que fazer dela mesmo um personagem próprio coincidir com esse contexto e se tornou um personagem de empoderamento, vai saber. Ela teve a desculpa de sua independência para mostrar os peitos... enquanto Lady Deadpool era um Deadpool com peitos... e só!

Mas recentemente, percebeu-se que "jovem mulher com personalidade forte" teve seu sucesso numa empreitada parecida: Graças a uma franquia de filme que fracassou no cinema, mas ressuscitou (em muitos sentidos) um personagem ha muito morto.

"eu juro que achei que seria uma 'one-shot'"
Então, do cruzamento do conceito "Deadpool com peitos" e "garota independente e com atitude" surgiu GWENPOOL!

Surfando na onda da Spider-Gwen, e completamente ignorando o que no "mundo real" deveria importar (poderes, lógica, mesmo o aspecto "quebrar a quarta parede").


Então, senhores, se tiveres algum esnobe ar de intelectualidade, vendo essa "coisa de criança" que são os quadrinhos, demonstro que tudo e todos são fragmentos artificiais, não-originais, e que vivem da "tentativa-e-erro" para conseguir o sucesso.
Exceto o Exterminador, que é o original nessa quizumba...

... E é o segundo menos popular desse elenco.




sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Uma crônica de dor e tempo

Eu quebrei minha caneca no dia de ontem. Por isso, ia precisar tomar café nos copinhos de plástico.  Sou atarefado, então, iria precisar do café e beber na minha mesa, dentro do cubículo, apelidosamente carinhado de "jaula".

Para acessar minha "jaula", preciso passar meu crachá na porta de segurança. Ele, com a tarja magnética já gasta, exige algum esforço e angulação para ser lida.

E lá venho eu, pontinha dos dedos pelando, com o café absurdamente quente  num recipiente nada isolante. Caminhando com cuidado, pois minha necessidade cafeística é superior aos 100 ml. lá armazenados, e me contentei com o máximo que pude auferir: quase transbordando.

Então, percebo, um colega sai da jaula onde nós, macacos, trabalhamos.

A porta está aberta. Fechando-se lentamente propulsionada pelas molas de um sistema de segurança.

Uma vez fechada, precisarei passar meu crachá outra vez, com todo o esforço, equilibrando a caneca pelas pontas do dedo enquanto agito a outra mão, num suplício agonizante...

.... Mas se eu vencesse os cinco metros entre eu e a porta, bastaria um jogo de corpo, e poderia alcançar minha mesa em menor tempo e menor agitação da bebida parcamente acondicionada.

Em uma situação normal, um par de passadas mais largas venceria a distância com folga. Mas com o copinho quase transbordando de líquido, movimentos bruscos não eram recomendáveis. Eu mal resistia o contato isolado pelo plástico, imagine o próprio líquido atingindo minha mão? Temia, por um impulso natural da queimadura, largar o copo e, pior que fazer outro, sofrer uma queimadura maior com o conteúdo despejando sobre meus pés, pernas ou mãos.

Apresso o passo cuidadosamente. Uma gota rebelde é ejetada da superfície e pousa em meu polegar. Ela teve algumas frações de segundo para esfriar, ainda assim a dor é tamanha que por pouco não solto o copo. Mas consegui encontrar concentração e tolerância. Serve de aviso para eu ser mais cauteloso.

A porta agora está prestes a colar as travas magnéticas. Algo entre 3 e 4 centímetros as separam.

Percebo que passos curtos mais rápidos eram seguros, mas nessa fração percebo que também me fazem parecer estranho para os expectadores externos. O dano social também me preocupa. Busco um equilíbrio entre passadas maiores e a corridinha curta, quase aquele esporte olímpico boiola.

Alcanço a porta no último instante. Juro que senti brevemente a atração magnética entre as duas peças da trava..., Mas um espaço de fio de cabelo permitiu que eu alcançasse a porta sem derramar o café.

   Triunfo.

Sento em minha estação de trabalho. Deixo o copinho no porta-copo, e permito o alívio do ar fresco do ar condicionado aliviar a dor na ponta dos meus dedos.

E então, considero...

Eu sou dramático demais! Foi só um cafezinho!