domingo, 20 de novembro de 2016

A BUNDUDA

Mesmo o mais cafajestes dentre nós fomos doutrinados a saber que a mulher quer ser tratada com respeito e atenção. Deve conquistar a confiança e a intimidade delas para, bem, fazer o que a gente realmente quer. um mise-en-scène que pode ser dogmático intrínseco em nossa formação ou uma falácia comprovada para alcançar seus objetivos.

Não estou celebrando nenhuma das posturas. Simplesmente constatando que é o básico do básico. Pode haver pequenas variações devido a local do encontro, classe social e mesmo objetivos-fins - uma procura por uma alma gêmea; um auto-desafio para provar que é possível voltar a ser feliz; ou poder apontar para um troféu e dizer aos amigos: "eu comi aquilo". Contudo, tem de se cortejar, com variáveis graus de sinceridade.

Então, domingo, 17:30 da tarde. Na praia. Não estávamos tão bêbados assim, mas estávamos num grupo de conhecidos - e alguns conhecidos de conhecidos. Chega uma das "líderes" do evento acompanhada de uma amiga nova ao meu círculo de amisades. Ela era morena, bonita, mas o que se se destacava em sua silhueta era um lombo avantajado. A kanga amarrada na cintura só parecia ressaltar isso.

Assim que as duas passam por meu grupo, um de meus amigos, mais íntimo da anfitriã, chama ela de lado e pergunta no ouvido, tentando superar a música ambiente: "Ei! Qual o nome da sua amiga bunduda?"

Curioso que o dote da prenda fosse notável a outros, não só a mim, mas apesar dele pensar ter sido discreto... eu ouvi. E a "bunduda" ouviu também.

- Que cara cretino! - explode ela imediatamente. - Você não se respeita não?

 Pensei que estava armada a confusão. O cidadão cometeu os dois piores erros da selva: não ser P.C. sensível, e não parecer P.C. sensível. A anfitriã, imagino querer mais a festa do que entrar para a turma do "deixa disso", baixou a cabeça e deu um passo para trás, formando a arena.

- Qualé, mina! - fala meu amigo. - Foi só um elogio!

- E quem em sã consciência acha que ser uma "bunduda" é elogio, seu babaca? - dispara ela, com brasas nos olhos.

- Bem, olha só:

O cidadão estica a mão à nuca da adversária, aproxima o rosto dela do próprio, e dá um beijo.

Ela - e todos nós - ficamos sem reação por 2 segundos na surpresa. Eu ficaria um pouco mais, mas no terceiro segundo, ela se desvencilha. No quarto, gira o braço em um tapa na orelha do meu amigo.

Igualmente, dois segundos de falta de reação, daí, ELA puxa o rosto dele de encontro ao próprio.

Senhores, peço que façam o seguinte exercício de imaginação comigo: Imagine que eu queira escrever um romance sobre as aventuras de um casal que acabou de se conhecer, e começasse - com uma versão mais rebuscada - da cena acima narrada: vocês comprariam minha história? Talvez no forum da ELLE & ELLA...

Mas isso aconteceu na vida real.

Eu estava lá.

"A diferença entre ficção e a vida real é que a ficção precisa fazer sentido".

O evento vai totalmente contra minha doutrina masculina de como se portar, e de meu repertório de como interagir com o sexo oposto... Mas estava lá. Eu vi acontecer. Não li num fanfic da saga Crepúsculo ou algo do gênero: Aconteceu.

Seria ferormônios? Almas gêmeas destinadas a ficar juntos mesmo um sendo um porco a outra sendo uma feminazi? Ou sou eu quem está tendo trabalho desnecessário e seguindo orientações falsas da mídia esquerdista mentirosa?

Bem... taí Trump presidente.

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